A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu um alerta importante sobre um risco raro, mas grave, associado ao uso de medicamentos que contêm semaglutida, princípio ativo presente em fármacos amplamente usados para controle de diabetes tipo 2 e emagrecimento, como Ozempic, Wegovy e Rybelsus.
Segundo a agência, há relatos de um efeito adverso muito raro, a neuropatia óptica isquêmica anterior não arterítica (Noiana), que pode provocar perda súbita e irreversível da visão.
Por esse motivo, a Anvisa determinou que essa informação seja incluída nas bulas dos medicamentos.
O que motivou esse novo alerta?
A decisão da Anvisa foi baseada em avaliações do Comitê de Avaliação de Risco em Farmacovigilância (PRAC) da Agência Europeia de Medicamentos (EMA), que identificou a Noiana como um possível evento adverso ligado ao uso da semaglutida.
No Brasil, o sistema de notificação de reações adversas, VigiMed, já registrou 52 casos de distúrbios oculares relacionados à substância.
O que é a Noiana?
A neuropatia óptica isquêmica anterior não arterítica (Noiana) é uma condição rara que afeta o nervo óptico, responsável pela condução das imagens da retina ao cérebro.
Quando ocorre uma interrupção no suprimento sanguíneo dessa região, pode haver:
A Noiana pode ocorrer sem aviso prévio e, muitas vezes, não tem tratamento eficaz para reversão da perda visual, o que a torna uma condição médica grave.
Orientações aos pacientes
Apesar da raridade da condição, a recomendação é clara:
- Médicos devem alertar seus pacientes sobre os riscos, mesmo que baixos.
- Usuários dos medicamentos devem buscar atendimento médico imediato caso apresentem sintomas como:
- Perda repentina da visão
- Visão turva
- Queda abrupta da qualidade visual
Caso seja confirmada a ocorrência da Noiana, o tratamento com semaglutida deve ser interrompido imediatamente.
E o que diz a fabricante?
A Novo Nordisk, responsável pela produção dos medicamentos Ozempic, Wegovy e Rybelsus, lançou uma nota sobre o tema.
“Priorizamos a segurança dos pacientes e levamos a sério todos os relatos de eventos adversos.”
Segundo a farmacêutica, a semaglutida foi testada em estudos com mais de 52 mil pacientes, além de dados de uso em mais de 33 milhões de pacientes-ano no mundo real.
A empresa declarou que não considera haver relação causal razoável entre o medicamento e a neuropatia, mas que colaborará com autoridades regulatórias para atualizar as bulas.

Uso crescente do produto no Brasil
Inicialmente voltada para o controle de diabetes tipo 2, a semaglutida ganhou enorme popularidade nos últimos anos como aliada no tratamento da obesidade.
Nas redes sociais, celebridades e influenciadores passaram a divulgar os efeitos do medicamento para a perda de peso, o que aumentou exponencialmente a procura e, muitas vezes, levou ao uso sem acompanhamento médico adequado.
Segundo especialistas, embora o medicamento seja eficaz, ele não é isento de riscos e deve ser prescrito com responsabilidade, especialmente em pessoas que não têm indicação clínica para seu uso.
A importância da farmacovigilância
A atualização das bulas reforça o papel da farmacovigilância. Trata-se do monitoramento contínuo da segurança de medicamentos após sua liberação no mercado.
É por meio desse sistema que órgãos como a Anvisa e a EMA podem agir rapidamente diante de efeitos adversos inesperados.
A Anvisa reforça que o risco é muito raro, mas destaca a importância de acompanhamento médico contínuo. A atualização nas bulas tem como objetivo ampliar a segurança e a informação para pacientes e profissionais da saúde.
E lembre-se: o seu melhor amigo em qualquer situação é o médico profissional. Ele vai poder avaliar a sua condição específica e indicar a melhor maneira de resolver o seu problema.
Concursos por Cidade/Estado