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Santo Antônio de Jesus

Decisão judicial permite usar FGTS para pagar pensão alimentícia em atraso

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FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) tem uma função social direta na vida do trabalhador brasileiro: além de representar uma garantia financeira em situações previstas em lei, tornou-se assunto de atenção recente graças a decisões judiciais.

Para quem enfrenta a urgência de quitar pensão alimentícia em atraso, essas decisões trazem esperança e, ao mesmo tempo, muita dúvida sobre direitos e limites no resgate do fundo.

Com a crescente preocupação dos alimentados e o receio dos devedores, surge a seguinte questão: em quais circunstâncias o saldo do FGTS, tradicionalmente protegido, pode ser utilizado para saldar dívidas de pensão alimentícia? Entender o tema é fundamental para quem busca uma solução rápida, segura e respaldada pela Justiça para garantir a sobrevivência dos dependentes.

A exceção à regra: como surgiu a possibilidade de uso do FGTS para pagar pensão em atraso

FGTS foi, por décadas, um recurso protegido por lei contra qualquer tipo de penhora, salvo raras exceções. Mas o avanço nos tribunais, principalmente a partir da atuação do Superior Tribunal de Justiça (STJ), trouxe uma nova visão frente ao caráter alimentar da dívida de pensão. Traduzindo: quando há inadimplência, o direito à subsistência se sobrepõe à proteção do patrimônio do devedor.

A Lei nº 8.036/1990 sempre restringiu o saque do FGTS a eventos bem delimitados, como demissão sem justa causa, aposentadoria ou compra de imóvel. Porém, frente à inadimplência alimentar, os juízes passaram a relativizar essa regra, fundamentando que nenhuma proteção financeira vale mais do que a dignidade e o mínimo existencial de quem depende da pensão.

Quando e como a Justiça autoriza o uso do FGTS em dívidas de pensão

O acesso ao FGTS para pagamento da pensão alimentícia não é automático nem garantido em toda situação. A medida exige decisão judicial fundamentada e só se concretiza quando já foram tentados, sem sucesso, outros meios de cobrança, como bloqueio de contas bancárias ou penhora de bens. Além disso, normalmente, é preciso que o FGTS seja a única alternativa para garantir que o alimentando receba o que lhe é devido.

Entre os critérios observados pelo juiz estão:

  • Esgotamento de outros mecanismos legais de execução;
  • Reconhecimento judicial da dívida de pensão;
  • Pedido expresso da parte interessada e clareza de que há saldo disponível.

Entendimento do STJ: direito ao sustento acima do patrimônio

Com julgamentos cada vez mais favoráveis à liberação desses valores, o STJ firmou orientação unificada: o direito à vida e à dignidade do dependente tem natureza constitucional, superior à impenhorabilidade do FGTS. Tal entendimento foi destacado, inclusive, pela ministra Eliana Calmon, ao afirmar que, havendo colisão entre princípios, a prioridade é o interesse alimentar.

Estátua da Justiça ao lado de martelo, simbolizando decisão judicial sobre FGTS e pensão.
Justiça autoriza saque do FGTS para pagamento de pensão atrasada. Imagem: Freepik

Exemplos práticos de decisões judiciais

Diversos casos recentes ilustram esse novo entendimento. Em um deles, um pai desempregado, mas com saldo substancial no FGTS, teve parte do valor direcionada ao pagamento de pensão alimentar dos filhos menores. Em outro, houve autorização judicial para utilizar o fundo em benefício de ex-companheira em estado de saúde delicado e dependência comprovada, mostrando que não apenas crianças podem ser beneficiadas com a flexibilização da regra.

Passo a passo para solicitar a liberação do FGTS para pagar pensão

O procedimento deve ser iniciado por meio de ação de execução de alimentos. Veja o roteiro:

  1. Abrir ou já possuir uma execução de pensão alimentícia ativa em juízo;
  2. Comprovar que todas as tentativas anteriores de cobrança administrativa ou judicial foram infrutíferas;
  3. Requerer, por petição, a penhora e posterior liberação do saldo do FGTS do devedor;
  4. Aguardar a análise e decisão do magistrado sobre o pedido, que será instruído pelo histórico do processo e pela situação financeira das partes.

Quando autorizado pelo juiz, a Caixa Econômica Federal realiza o pagamento do valor diretamente ao alimentando, seguindo as diretrizes da ordem judicial.

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A medida é definitiva? Mudanças futuras e o papel do STF

O cenário pode evoluir em função de possíveis entendimentos do Supremo Tribunal Federal (STF), já que a matéria ainda suscita debates jurídicos. Por ora, o foco das decisões é aplicar uma interpretação humanizada, reconhecendo as necessidades da vida como superiores à proteção irrestrita do patrimônio financeiro.

Especialistas destacam outro ponto relevante: a flexibilização da impenhorabilidade visa reequilibrar o sistema, impedindo que o FGTS seja utilizado como escudo para evitar a responsabilização por débitos de pensão comprovados.

Se você ou alguém que conhece está vivenciando esse dilema, o caminho mais seguro é buscar orientação profissional qualificada e acompanhar de perto as movimentações judiciais — pois, apesar de ser uma alternativa emergencial, a aplicação da exceção segue critérios rigorosos e observa o equilíbrio entre direito à propriedade e direito à vida.

Veja mais sobre o saque do FGTS a seguir:

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