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Santo Antônio de Jesus

Calor intenso vai matar cada vez mais: estudo prevê duplicação até 2054

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O que parecia um problema passageiro dos verões está se tornando uma ameaça crescente à saúde: o calor intenso pode mais que dobrar o número de mortes até 2054 nas grandes cidades da América Latina.

A projeção, feita por uma equipe internacional liderada pelo professor Nelson Gouveia, da FMUSP, revela uma situação preocupante em relação à crise climática. Segundo o estudo, publicado na revista Environment International, a proporção de óbitos atribuídos ao calor vai saltar dos atuais 0,87% para 2,06% do total de mortes nos próximos trinta anos.

A pesquisa analisou dados de 326 cidades em nove países, incluindo Brasil, México e Argentina. O impacto maior será sentido por pessoas em situação mais vulnerável, especialmente idosos e quem vive em moradias precárias, sem acesso a ar-condicionado ou áreas verdes. “Quem está nas periferias, sujeitos a ondas de calor mais severas, terá ainda mais dificuldade de lidar com os extremos”, destaca Gouveia.

Segundo um artigo publicado na Scientific Reports em 2024, no pior cenário de emissões, as ondas de calor podem crescer até 12 vezes em quantidade e durar nove vezes mais que hoje.

Siga lendo para entender os impactos desse calor extremo para a sua saúde.

Impactos do calor extremo na mortalidade

A década entre 2015 e 2024 já é a mais quente desde 1850. E o impacto do calor nos índices de mortalidade é preocupante: para cada aumento de 1°C nos dias mais quentes, o risco de morte sobe 5,7%. Isso representa quase o dobro do efeito registrado em períodos frios.

O calor não só mata diretamente; ele agrava problemas de saúde crônicos, como doenças cardíacas e respiratórias, atingindo principalmente idosos e pessoas com comorbidades. Um levantamento anterior já indicava que, entre 1997 e 2019, mais de 59 mil pessoas morreram por conta do calor em 13 países da América Latina — com o Brasil ficando entre os mais afetados.

Por que o calor afeta tanto as cidades?

A arquitetura das cidades colabora para a intensificação do problema. O excesso de concreto, a falta de árvores e áreas de lazer ampliam o fenômeno conhecido como “ilhas de calor”. Cidades como São Paulo e Rio de Janeiro sofrem ainda mais, pois a alta densidade populacional e a pouca circulação de ar dificultam a dispersão do calor acumulado durante o dia.

A ausência de espaços verdes também impede a população de encontrar refúgios para se proteger durante as ondas de calor, elevando o risco em áreas periféricas e regiões onde o asfaltamento avançou sem critério ambiental.

Além disso, a urbanização acelerada nas últimas décadas ocorreu sem planejamento específico para enfrentar eventos climáticos extremos. Isso deixou vulneráveis bairros inteiros, que agora convivem com a ameaça do calor fora dos padrões históricos.

Pessoas caminhando em calçada urbana movimentada, com ônibus e carros ao fundo em dia ensolarado
Segundo pesquisas, o Brasil está entre os países mais afetados pelo calor intenso.
Imagem: Agência Brasil

Populações mais atingidas

Idosos e pessoas em condições precárias correm mais riscos, pois dificilmente possuem acesso a ar-condicionado ou água gelada, fundamentais para evitar complicações durante o calor forte. Grupos em situação de rua e trabalhadores expostos também sofrem mais.

Entre 2045 e 2054, a expectativa é de aumento das hospitalizações e do uso do sistema de saúde pública. O problema é ainda maior em regiões onde hospitais e postos já operam no limite.

O que pode ser feito: soluções e prevenção

Os pesquisadores sugerem intervenções urgentes para adaptar as cidades a uma era mais quente. Medidas como a implantação de sistemas de alerta para ondas de calor, o aumento de áreas verdes, corredores de ventilação, telhados verdes e a sombra em espaços públicos ganham relevância como temas estratégicos para políticas públicas.

No campo da saúde, recomenda-se protocolos específicos para atendimento de idosos e pessoas com doenças crônicas — como já acontece no Rio de Janeiro. Além disso, é fundamental a criação de programas de educação sobre os riscos do calor e formas de prevenir os efeitos nocivos.

Medidas individuais importantes

  • Evitar exposição direta ao sol entre 10h e 16h
  • Reduzir o uso de carro e priorizar transporte coletivo
  • Consumir bastante água para manter-se hidratado
  • Optar por roupas leves e claras
  • Buscar ambientes frescos ou com sombra

Perspectivas para o futuro

Com as projeções indicando crescimento das ondas de calor, a adaptação torna-se tão necessária quanto a mitigação das emissões de carbono. Mudanças no comportamento coletivo, incentivo a hábitos sustentáveis e maior fiscalização urbana são passos fundamentais para enfrentar esse cenário desafiador.

“A redução de emissões é imprescindível”, frisa Gouveia, “mas só isso não soluciona. Precisamos aprender a conviver, com responsabilidade, em um planeta mais quente.”

Hoje, a crise faz parte do cotidiano urbano e afeta desde a rotina de famílias até os custos da saúde pública. A pergunta que surge é: como cada um pode contribuir para tornar as cidades mais adaptadas e saudáveis diante do avanço do calor intenso?

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Perguntas frequentes

  • O que é uma onda de calor? Ondas de calor são períodos prolongados, geralmente superiores a dois dias, em que as temperaturas máximas ficam significativamente acima da média histórica do local.
  • Quais são os grupos mais vulneráveis? Idosos, crianças, pessoas com doenças pré-existentes, moradores de rua e trabalhadores expostos ao ar livre estão entre os mais afetados.
  • Quais sintomas indicam risco à saúde durante o calor? Desidratação, tontura, fraqueza, batimento cardíaco acelerado, confusão mental e desmaios sinalizam perigo e exigem atenção médica.
  • Como posso me proteger durante ondas de calor? Procure locais frescos, hidrate-se e evite atividades físicas nos horários mais quentes do dia.
  • De que forma o calor extremo afeta o sistema de saúde? Aumentam as internações por problemas cardíacos, renais e respiratórios, sobrecarregando hospitais e postos de saúde.
  • O Brasil está entre os países mais afetados? Sim, principalmente grandes cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, por causa da densidade populacional e características urbanas.
  • Por que o calor extremo tende a crescer até 2054? O aumento é resultado do aquecimento global causado pelas emissões de carbono, aliado ao crescimento urbano acelerado sem adaptação ambiental adequada.

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