Na tradição cristã, a Sexta-Feira Santa é um dia de reflexão e penitência, em que os fiéis se abstêm de carne como forma de respeito ao sacrifício de Jesus. Essa prática remonta a antigos costumes religiosos e é seguida por muitos católicos nos dias de hoje.
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Durante esse período, certos tipos de carne são evitados, enquanto outros podem ser consumidos. A escolha dos alimentos nesse dia tem um significado simbólico e está ligada às orientações da Igreja.
O que diz a Igreja Católica sobre o consumo de carne na Sexta-Feira Santa?
A Igreja Católica estabelece, no cânon 1251 do Código de Direito Canônico, que na Sexta-Feira Santa (ou Sexta-Feira da Paixão), os fiéis devem observar a abstinência de carne e o jejum.
Isso significa que não é permitido comer carne vermelha ou de aves, em sinal de penitência e união ao sacrifício de Cristo. Além disso, o jejum implica a redução da quantidade de alimentos, limitando-se a uma refeição principal e duas menores, sem exageros.
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Por sua vez, o cânon 1253 afirma que a conferência episcopal pode determinar, em certos casos, a substituição da abstinência de carne vermelha por outras formas de penitência, como obras de caridade, oração ou o consumo de outros alimentos.
Qual carne pode ser consumida na Sexta-Feira Santa?

A Igreja Católica recomenda evitar comer carne vermelha e branca na Sexta-feira Santa. Foto: Reprodução / Pexels
É permitido o consumo de:
- Peixes e frutos do mar (atum, bacalhau, salmão, camarão, sardinha, etc.);
- Ovos, laticínios (queijo, manteiga, iogurte) e alimentos à base de vegetais;
- Outras proteínas vegetais, como tofu e leguminosas (feijão, grão-de-bico, lentilha).
Essa prática é seguida por fiéis católicos a partir dos 14 anos de idade, a menos que haja questões de saúde. Em caso de dúvidas, é sempre bom consultar as orientações da diocese ou paróquia.
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Por que o peixe é liberado?
Na antiguidade, a carne vermelha, associada à opulência e ao prazer, era evitada como forma de penitência, enquanto o peixe, considerado um alimento mais humilde e menos “estimulante” (segundo a visão de São Tomás de Aquino), tornou-se uma alternativa aceitável.
Essa distinção também tem raízes nas regras alimentares judaicas, que influenciaram a separação entre carnes “quentes” (terrestres) e “frias” (aquáticas).
Além disso, o peixe possui um simbolismo especial no cristianismo, aparecendo em passagens bíblicas como a multiplicação dos pães e peixes e sendo associado aos apóstolos pescadores.
O símbolo do peixe (Ichthys) era usado pelos primeiros cristãos como forma de identificação, reforçando sua conexão com a fé.
A flexibilização para incluir frutos do mar, ovos e queijos, em algumas regiões, mostra como a prática se adaptou a contextos culturais e econômicos, mantendo, porém, o princípio da abstinência de carne vermelha.
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Qual é a origem dessa tradição?
A tradição de não comer carne na Sexta-feira Santa está profundamente ligada ao simbolismo de sacrifício e penitência na fé católica.
Durante esse dia, os fiéis buscam honrar o sofrimento e a morte de Jesus na cruz, abstendo-se de um alimento considerado valioso e apreciado, como a carne vermelha.
Essa prática não é um mandamento bíblico, mas uma disciplina eclesiástica adotada pela Igreja Católica como forma de vivenciar espiritualmente o luto e a reflexão sobre o sacrifício de Cristo.
Ao substituir a carne por outros alimentos, como peixe ou vegetais, os cristãos demonstram respeito e participam simbolicamente da dor de Jesus. A abstinência de carne também remete ao exemplo de Jesus, que jejuou por 40 dias no deserto, resistindo às tentações.
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Além disso, a privação voluntária tem um caráter solidário, pois o valor economizado ao não consumir carne pode ser convertido em doações ou gestos de caridade, reforçando o espírito de partilha e humildade.
Por fim, a Sexta-feira Santa é um dia de silêncio e contemplação, em que a Igreja não celebra a Eucaristia, mas realiza a Liturgia da Paixão do Senhor.
A abstinência de carne reforça esse clima de recolhimento, lembrando aos fiéis a importância de unir-se ao sacrifício de Cristo por meio de pequenas renúncias.
Sexta-feira Santa é feriado nacional?
A Sexta-feira Santa é um feriado nacional estabelecido pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), garantindo aos trabalhadores um dia de descanso.
Felizmente, neste ano, ela vem seguida do feriado de Tiradentes, celebrado em 21 de abril, que, caindo na segunda-feira, permite que muitos emendam os dias e desfrutem um recesso prolongado (de sexta até segunda).