Um esquema de fraudes em concursos públicos surpreendeu o país ao expor as brechas em sistemas de seleção considerados seguros.
Operando no Sertão da Paraíba, a chamada “máfia dos concursos” utilizava tecnologia avançada, infiltração em estruturas familiares e métodos inovadores de trapaça para garantir aprovações em processos seletivos.
Descobrir como esse grupo agiu, os valores envolvidos e quais provas sustentam a investigação podem ser importantes para quem acompanha o universo dos concursos e deseja entender como essas fraudes desafiaram as autoridades e colocaram em dúvida a lisura de diferentes concursos. A seguir, confira todos os detalhes.
O que era a ‘máfia dos concursos' e como funcionava?
A organização investigada foi identificada como uma rede criminosa familiar, baseada em Patos, no Sertão da Paraíba, atingindo diversos estados brasileiros. O grupo não só vendia aprovações em concursos públicos, como tratava cada vaga como um objeto comercializável, negociando os cargos mais disputados a valores próximos de R$ 500 mil.
Líderes do esquema mantinham o controle das operações, coordenavam candidatos e garantiam o envio de gabaritos antes das provas.
Quem eram os integrantes e quais funções desempenhavam?
No centro da organização estava Wanderlan Limeira de Sousa, ex-policial militar expulso em 2021, apontado como mentor e principal negociador. Ele atuava ao lado dos irmãos Valmir Limeira de Sousa e Antônio Limeira das Neves, além de Geórgia de Oliveira Neves (cunhada) e Larissa de Oliveira Neves (sobrinha).
Wanderson Gabriel Limeira de Sousa, filho do líder, era responsável pela execução técnica das fraudes, enquanto outros membros faziam movimentações financeiras ou serviam de “vitrine” do esquema.
Quanto custava cada vaga?
A negociação para garantir aprovação não aceitava só dinheiro. Algumas “vagas” eram pagas com ouro, veículos, procedimentos odontológicos e até compra de imóveis em nome de terceiros. Os depósitos de grandes somas em espécie, como os realizados por Geórgia Neves, eram estratégias para dificultar o rastreamento, juntamente com a utilização de clínicas odontológicas suspeitas e “laranjas” em operações financeiras.
Como as fraudes eram realizadas

A revelação do uso de tecnologia foi um dos marcos da operação. No momento da prova, o grupo utilizava pontos eletrônicos implantados cirurgicamente nos candidatos, permitindo comunicação em tempo real sem despertar desconfiança.
Também usavam mensagens cifradas, transmissão de respostas por rádio e até dublês para fazer provas em nome de contratantes. O padrão de respostas idênticas, inclusive nos erros, chamou a atenção dos peritos da Polícia Federal.
Envolvimento de servidores e intermediários
Apesar de não haver comprovação de envolvimento direto das bancas organizadoras de concursos, as investigações apontam a participação de servidores públicos, profissionais médicos e intermediários do Sertão e de capitais nordestinas. Profissionais da saúde seriam os responsáveis pela instalação dos pontos eletrônicos, enquanto outros servidores ajudavam no recrutamento e operacionalização do esquema.
Em quais concursos atuaram e quantos se beneficiaram?
Os concursos fraudados pela máfia incluíram certames como Polícia Federal, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, UFPB, Polícias Civil e Militar, e o Concurso Nacional Unificado (CNU). No CNU 2024, ao menos 10 pessoas foram diretamente beneficiadas, entre elas candidatos aprovados com gabaritos idênticos e pessoas que recebiam para facilitar as fraudes.
Outros investigados e suas funções
Além do núcleo familiar, outros nomes ganharam destaque: Ariosvaldo Lucena de Sousa Júnior (PM e proprietário de clínica envolvida em lavagem de dinheiro), Thyago José de Andrade (“Negão”, operador financeiro), Laís Giselly Nunes de Araújo (suspeita de sucesso serial em fraudes) e Luiz Paulo Silva dos Santos (histórico de participação em dezenas de esquemas semelhantes, sendo peça central em mais de 67 certames investigados).
Provas reunidas pela Polícia Federal
A PF produziu provas robustas. Entre as principais estão os gabaritos idênticos encontrados no CNU 2024 e interceptações de áudios em que membros discutem pagamentos e orientações para fraudar etapas. Perícias indicaram que a probabilidade dessas respostas coincidentes ocorrerem ao acaso seria equivalente à de vencer a Mega-Sena 19 vezes seguidas, o que é praticamente impossível sem conluio.
Quais medidas as autoridades tomaram após descoberta?
A Operação Última Fase resultou em prisões preventivas, bloqueio de patrimônio e afastamento de servidores suspeitos. Mandados de busca e apreensão atingiram endereços ligados aos investigados, com o objetivo de impedir a posse dos aprovados por meio de fraude. O juiz responsável destacou que cada etapa do esquema aproveitava especialistas para simular desempenho nas provas, elevando drasticamente as chances de acerto.
O que dizem os investigados sobre as acusações?
Todas as defesas negam participação, afirmando não haver denúncia formal ou que seus clientes colaboram para elucidar os fatos. Declarações públicas buscam relativizar provas, citar dedicação aos estudos e garantir que a inocência será provada durante o processo. Parte dos investigados aguarda acesso completo aos autos para manifestação mais aprofundada.
Perguntas frequentes
- 1. Como a Polícia Federal conseguiu identificar o esquema?
A identificação foi feita a partir de padrões incomuns em gabaritos, movimentações financeiras atípicas e interceptação de comunicações entre investigados. - 2. Os esquemas usavam apenas tecnologia ou outros métodos?
Além da tecnologia, utilizavam aliciamento, suborno, uso de dublês e acordos com intermediários.
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