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Antídoto contra metanol chega ao Brasil ainda esta semana: Será vendido em farmácias?

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O fomepizol, antídoto capaz de tratar intoxicações por metanol, deve chegar ao Brasil ainda nesta semana, mas não será vendido em farmácias, segundo Fabiana Sanches, diretora de Assuntos Médicos da Daiichi Sankyo Brasil, representante da farmacêutica japonesa responsável por fornecer o medicamento ao país.

O medicamento, que tem uso estritamente hospitalar, será importado dos Estados Unidos em caráter emergencial e distribuído pelo Ministério da Saúde para hospitais de referência. A importação foi viabilizada após negociação entre a farmacêutica, o ministério, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Como estão as negociações para a chegada do antídoto

Apesar da urgência na importação, a chegada do medicamento ainda depende de trâmites burocráticos. Em entrevista, Fabiana Sanches explicou o andamento do processo: “A expectativa é que o medicamento esteja aqui [no Brasil] essa semana, mas ainda não conseguimos precisar a data, porque tudo correu de maneira muito célere durante o fim de semana.”

Segundo ela, “a empresa, o ministério, a OPAS e a afiliada nos Estados Unidos estão trabalhando para trazer o mais rápido possível para cá”, mas não é possível “precisar datas ainda”. A diretora confirmou que “estão sendo trazidas 2.500 ampolas dos Estados Unidos, [e] mais cem ampolas [que] a empresa está fazendo essa doação”.

Por que o antídoto não será vendido em farmácias

O fomepizol não será comercializado em farmácias nem poderá ser adquirido livremente pela população. Sanches esclareceu que o medicamento é de uso hospitalar e injetável, administrado via intravenosa sob supervisão médica especializada.

A diretora ressaltou que essa restrição não é exclusiva do Brasil: “No mundo inteiro, ele não está disponível para o consumidor em farmácias. É um medicamento injetável, que vai na veia, e só deve ser usado em ambiente hospitalar”.

Fomepizol, antídoto contra intoxicações por metanol, será importado para hospitais brasileiros
Fomepizol, antídoto contra intoxicação por metanol, será distribuído pelo Ministério da Saúde em caráter emergencial. Imagem: X/Threads.

Como funciona o antídoto contra metanol

O metanol é um álcool industrial usado em solventes e outros produtos químicos, sendo altamente tóxico quando ingerido. Ele ataca inicialmente o fígado, que o transforma em substâncias tóxicas que comprometem a medula, o cérebro e o nervo óptico, podendo causar cegueira, coma e até a morte.

O fomepizol atua bloqueando a enzima álcool desidrogenase, responsável por transformar o metanol em substâncias altamente tóxicas ao organismo, como o formaldeído e o ácido fórmico.

Essas substâncias são as principais responsáveis pelos efeitos graves da intoxicação. Este antídoto é considerado mais eficaz que o etanol farmacêutico.

Como será o tratamento com fomepizol

O tratamento deve começar assim que houver suspeita de intoxicação por metanol, sem necessidade de confirmação laboratorial prévia. O protocolo inclui uma dose de ataque inicial, seguida por doses menores a cada 12 horas, geralmente totalizando quatro aplicações principais.

  • Primeira dose: maior volume (dose de ataque)
  • Doses subsequentes: aplicadas a cada 12 horas
  • Geralmente quatro doses principais
  • Manutenção conforme quadro clínico e níveis de metanol no sangue

“Ele vai receber a dose de ataque, com um volume um pouco maior, e as doses subsequentes, até quatro doses com 12 horas de intervalo. A manutenção vai depender do quadro clínico do paciente e, se possível, dos níveis de metanol no sangue”, detalhou.

A melhoria do quadro clínico geralmente ocorre dentro de 48 horas, à medida que o organismo elimina o metanol. Em casos mais graves, o tratamento pode ser combinado com hemodiálise para acelerar a eliminação da substância.

Situação atual dos casos de intoxicação no Brasil

O Ministério da Saúde confirmou 17 casos de intoxicação por metanol no país, segundo balanço recente. Ao todo, foram registradas 217 notificações relacionadas ao consumo de bebidas alcoólicas adulteradas — das quais 200 ainda estão em investigação.

O estado de São Paulo concentra a maior parte dos registros, com 15 casos confirmados e 164 sob análise, o que representa 82,5% do total das notificações no país.

Como identificar bebidas adulteradas com metanol

Não é possível identificar a presença de metanol apenas observando, cheirando ou provando a bebida. A substância não altera cor, odor ou sabor, e só pode ser detectada por testes laboratoriais específicos.

As autoridades recomendam que os consumidores:

  • Fiquem atentos a embalagens suspeitas (lacres tortos ou rótulos mal impressos)
  • Desconfiem de preços muito abaixo do mercado
  • Exijam nota fiscal nas compras
  • Comprem apenas em estabelecimentos confiáveis
  • Verifiquem se as garrafas possuem lacre e selo fiscal

Em caso de sintomas como visão turva, dor de cabeça intensa, náuseas, vômitos ou confusão mental após o consumo de bebidas alcoólicas, a recomendação é procurar atendimento médico imediatamente.

A diretora também fez um alerta importante: “Não se automedique, não tente contrabalançar a ingestão tomando outro tipo de álcool, porque isso pode piorar a situação”.

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Ações do governo para prevenir e tratar intoxicações

Além da importação do fomepizol, o Ministério da Saúde adquiriu 12 mil ampolas de etanol farmacêutico para fortalecer o estoque estratégico do SUS. Estas ampolas se somam às 4,3 mil já disponibilizadas pelos hospitais universitários federais, em parceria com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).

A Anvisa também identificou 604 farmácias de manipulação no país aptas a produzir etanol farmacêutico, garantindo cobertura local em todas as capitais para atender eventuais demandas emergenciais.

Para reforçar a capacidade de diagnóstico, foram mobilizados três laboratórios de referência para análises imediatas: o Laboratório Central de Saúde Pública do Distrito Federal, o Laboratório Municipal de São Paulo e o Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde da Fiocruz.

O Ministério da Saúde também instalou uma Sala de Situação para monitorar os casos e coordenar as ações de resposta em todo o território nacional. A estrutura permanecerá ativa enquanto persistir o risco sanitário relacionado às intoxicações.

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