De acordo com um estudo conduzido pelo Instituto Semesp, que analisou uma amostra de 5.681 indivíduos graduados recentemente no ensino superior, os dados revelam um cenário preocupante. Aproximadamente 12,7% dos formados, ou seja, um em cada oito, encontram-se atualmente sem ocupação remunerada.
A pesquisa focou em profissionais que concluíram seus estudos nos últimos cinco anos, com a maioria (96,4%) proveniente de instituições privadas e tendo cursado a modalidade presencial (88%). Embora 87,3% estejam empregados sob regime CLT ou como pessoa jurídica, os números apontam para desafios significativos enfrentados por determinados segmentos.
Cursos com maiores índices de desemprego
Ao examinar as taxas de desemprego por área de formação, alguns cursos se destacam com índices alarmantes. O curso de História lidera a lista, com 31,6% de seus egressos sem exercer atividade remunerada, o que significa que praticamente um em cada três historiadores formados enfrenta dificuldades para ingressar no mercado de trabalho.
Outras áreas que apresentam elevadas proporções de profissionais desempregados incluem Relações Internacionais (29,4%), Serviço Social (28,6%), Radiologia (27,8%), Enfermagem (24,5%), Química (22,2%), Nutrição (22,0%), Logística (18,9%), Agronomia (18,2%) e Estética e Cosmética (17,5%).
Egressos atuando fora de suas áreas de formação
Além do desemprego, outro desafio enfrentado por muitos recém-formados é a necessidade de buscar oportunidades fora de suas áreas de especialização. De acordo com o estudo, 25,9% dos respondentes empregados estão exercendo funções não relacionadas aos seus cursos de graduação.
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Os engenheiros químicos lideram essa estatística, com 55,2% deles trabalhando em áreas distintas de sua formação original. Outros cursos com altas proporções de profissionais nessa situação incluem Relações Internacionais (52,9%), Radiologia (44,4%), Engenharia de Produção (42,4%), Processos Gerenciais (41,2%), Gestão de Pessoas/RH (40,5%), Jornalismo (40,4%), Biologia (40,0%), Química (38,9%) e História (36,8%).
Profissionais atuando em áreas sem exigência de nível Superior
Outro dado preocupante revelado pela pesquisa é que 4,7% dos respondentes empregados estão trabalhando em áreas que sequer exigem formação universitária. O curso de Processos Gerenciais apresenta a maior proporção nessa categoria, com 17,6% de seus egressos nessa situação.
Outros cursos com altas taxas de profissionais atuando em áreas que não requerem ensino superior incluem Serviço Social (16,7%), Gestão Comercial (12,9%), Engenharia Mecânica (11,9%), Logística (11,3%), História (10,5%), Design (10,0%), Engenharia Elétrica (9,7%), Moda (8,3%) e Economia (8,0%).
Análise salarial: impacto da área de atuação e modalidade de ensino
O estudo também abordou a questão salarial, revelando discrepâncias relacionadas à área de atuação e modalidade de ensino dos profissionais. A média salarial é mais alta entre aqueles que atuam em suas áreas de formação (R$ 4.494), seguida por quem trabalha fora da área (R$ 3.523) e, por fim, por aqueles que exercem atividades que não requerem ensino superior (R$ 2.712).
Além disso, os dados indicam que os profissionais formados na modalidade presencial (R$ 4.204) tendem a receber salários mais elevados em comparação com aqueles que concluíram seus estudos na modalidade de ensino à distância (R$ 3.422).
Impacto da pós-graduação nos rendimentos
Os dados também revelam que a obtenção de um título de pós-graduação pode ser um fator para aumentar os rendimentos. Conforme o estudo, o salário médio de quem possui algum tipo de pós-graduação (R$ 5.924) é consideravelmente mais alto do que a média daqueles que possuem apenas o ensino superior (R$ 4.113).
Desafios e oportunidades para recém-formados
Os resultados da pesquisa evidenciam os desafios enfrentados por muitos recém-formados no mercado de trabalho brasileiro. Enquanto algumas áreas apresentam taxas de desemprego preocupantes e desalinhamento entre formação e atuação profissional, outras áreas demonstram maior estabilidade e alinhamento.
Para os jovens profissionais, é essencial avaliar cuidadosamente as perspectivas de cada área antes de optar por um curso de graduação. Além disso, a busca por especializações, como cursos de pós-graduação, pode ser uma estratégia para aumentar as chances de empregabilidade e melhores rendimentos.
Importância da orientação profissional e planejamento de carreira
Diante desse cenário, torna-se fundamental que as instituições de ensino superior forneçam orientação profissional adequada e auxílio no planejamento de carreira para seus estudantes. Ao compreenderem melhor as tendências do mercado de trabalho e as oportunidades disponíveis em cada área, os estudantes podem tomar decisões mais informadas e aumentar suas chances de sucesso profissional.
Além disso, é essencial que o setor educacional trabalhe em colaboração com o setor empresarial para identificar as demandas emergentes do mercado e adaptar os currículos acadêmicos de forma a preparar os estudantes para as habilidades e conhecimentos mais valorizados pelas empresas.
Incentivo ao empreendedorismo e inovação
Outra estratégia para enfrentar os desafios de empregabilidade é o incentivo ao empreendedorismo e à inovação. Ao invés de depender exclusivamente de oportunidades de emprego tradicionais, os recém-formados podem explorar a criação de seus próprios negócios ou soluções inovadoras, aproveitando suas habilidades e conhecimentos adquiridos durante a formação acadêmica.
Nesse sentido, as instituições de ensino superior desempenham um papel fundamental ao oferecerem programas de capacitação em empreendedorismo, mentorias e acesso a recursos e redes de apoio para o desenvolvimento de novos negócios.